1.10.07

run Ron, run II


Sou um gajo simples, a vida e os livros ensinaram-me alguma coisa e dos dois tipos de aprendizagem o primeiro tem sido mais útil. Sei muito pouco, por exemplo, quando no meio de uma conversa sobre política oiço falar de Schmitt, a primeira reacção é perguntar o que é que amortecedores e molas de camião têm que ver com a conversa. E se me falam de Strauss desato a discorrer sobre a superioridade do rock’n roll sobre a valsa e apresento o Lemmy como a prova viva da coisa. Só demasiado tarde percebo que afinal Schmitt e Strauss são nomes de gajos importantes. Não escapo à reprovação.

Nestes anos de trabalho que passaram por mercados (não confundir com Mercados), agricultura, fábricas de cozinhas, bares, publicidade, exército, vendas de quase tudo, mais alguma educação formal e muito Tolkien, Asimov e Vargas Llosa, a lição mais importante foi a da inevitabilidade da mudança. Uns querem que as coisas sejam como são, outros que sejam como foram e outros ainda que sejam como eles gostariam que fosse, no fundo, parar o tempo onde pareça mais seguro ou fazer a mudança final que dê ao Homem Novo o descanso desejado. Tenho tempo para o descanso quando estiver a fazer tijolo. O que Ron Paul propõe é que sejam as coisas como forem, há uma margem na mudança que não depende de nenhum inquilino da torre de marfim. O que Ron Paul propõe não é o direito a viver na city upon the hill, é a oportunidade de o tentar. Para mim chega e quanto ao resto não tenho medo.

Ron Paul é divertido, curioso até e o debate também pode sê-lo se não esquecermos que não é uma conversa de amigos. Deal with it.

run Ron, run!

4 comentários:

Quizzer disse...

É extraordinário como uma consciência tão aguda da inevitabilidade da mudança pode apoiar Ron Paul. É tremendamente paradoxal. Sem querer emular o Henrique Raposo, ele tem razão num dos juízos que faz: se há alguém que entende como possível o regresso a uma ordem perene cristalizada no passado, arbitrariamente escolhida, é precisamente Ron Paul.

Benfiquista disse...

"regresso a uma ordem perene cristalizada no passado, arbitrariamente escolhida" é o mesmo do que retirar os EUA do papel de polícia do mundo?

A proposta do ron paul é a proposta clássica de muitos países (mesmo actualmente: Suiça ou Brasil por exemplo): não querer ter um papel activo na política de outros países.

Quizzer disse...

«"regresso a uma ordem perene cristalizada no passado, arbitrariamente escolhida" é o mesmo do que retirar os EUA do papel de polícia do mundo?»

Claro que não, seja lá o que for o "papel de polícia do mundo". Nesse aspeco, é o regresso a algo que nunca existiu. Bem, pelo menos desde a presidência Adams.

Helder Ferreira disse...

Caríssimo quizzer,

esqueça "ordem" e "escolhida" e vai ver que não há paradoxo nenhum.