22.10.07

UDC ganha na Suiça

Sendo este um blogue de apoio ao candidato americano Ron Paul, é também, essencialmente, um blogue de apoio à ron paul revolution, em suma, ao regresso da América aos seus valores fundacionais.

Nesse sentido, aqui na Europa, a vitória do partido UDC nas legislativas suiças de hoje é uma vitória da liberdade (ao contrário do que dizem os media europeus, e em particular os portugueses).

A UDC não é de extrema-direita. Isso é um mito veiculado em grande parte pelos media suiços (de língua francesa sobretudo) e simpatizantes da UE e das suas ideias centralistas.

No seu programa tem propostas liberais, desconfiando de construtivismos europeistas. Gosta da tradição suiça, defende a neutralidade, o livre comércio, impostos baixos, reformas à Seg.Social e a descentralização fiscal/política/administrativa. É a favor da redução das despesas do Estado e pretende combater a subsidiodependência que tem crescido nas últimas décadas.

Contesta a entrada da Suiça na NATO, a ajuda humanitária em regiões como o Kosovo, a entrada na UE e, isolados, lutaram contra a entrada na ONU.

Propõe o alargamento das competências dos cantões e não desiste da democracia directa. É contra as naturalizações automáticas e contra o descontrolo das políticas de asilo.

Mais: não é um partido xenófobo (pelo menos a maioria dos seus militantes não o são). A Suiça tem uma grande tradição de país de asilo e os suiços são em regra pessoas tolerantes. A UDC quer, sim, que o Estado, que tudo acolhe e tudo desperdiça, deixe de ser tão generoso com refugiados, ilegais e imigrantes que em vez de trabalhar preferem assaltar relojoarias ou fazer fraude à segurança social. Isso é positivo.

Foi, portanto, uma vitória do liberalismo e a segurança de que o bastião das liberdades na Europa se manterá como tal durante mais algum tempo.



18 comentários:

Pedro Botelho disse...

Não esquecer, no entanto, que esse tal «bastião das liberdades na Europa» é o mesmo que multa ou encarcera pessoas por delito de opinião. Exemplo, quase ao acaso, entre vários possíveis: Swiss Court Punishes Two Revisionists

A situação continua. E como os meus caros amigos possivelmente concordarão é pouco decente elogiar «as liberdades» dos estados europeus cujas leis e práticas legais não se investigaram...

Pedro Botelho disse...

Mais algumas achegas às plurais liberdades do bastião:

Procès Amaudruz à Lausanne

Lettre à Michel FAVRE, juge accusateur

Pedro Botelho disse...

O primeiro link que enviei não estava actualizado, já que ainda não conhecia o veredicto do recurso. Aqui vai uma breve actualização.

As «liberdades» não cessam de se amplificar, dentro como fora desta Europa dos tratados inconstitucionais e dos tratantes bem tratados.

filipeabrantes disse...

Sim, esse processo de Lausanne é inaceitável.

A UDC propõe a revogação da lei contra sobre a discriminação racial.

Em todo o caso, um país que está na 4ª posição dentro dos países europeus no ranking do Heritage pode com facilidade ser considerado como um "bastião" das liberdades.

Cumps

Miguel Madeira disse...

E a proposta da UDC para proibir a construção de minaretes? Não se poderá considerar limitativo dessas tais liberdades?

Pedro Botelho disse...

Acho muito bem que se proponha a revogação das leis iníquas contra a liberdade de expressão sobre raça e discriminação racial -- na Suiça como no nosso próprio país, vítima do mesmo abuso -- mas note que existe na Suiça um outro tipo de censura legal especificamemte anti-revisionista em matéria de História.

Como diz o prof. Faurisson na sua magnífica carta ao juíz suiço que o condenou sem sequer o ouvir, segundo as leis helvéticas (a ele, um francês a escrever em França, o país da própria lei Fabius-Gayssot!):

"Le fier Helvète, cédant à de formidables pressions internationales, a voté une loi antirévisionniste qui a pris effet en 1995. Au nom de cette loi, on peut dans son pays contester tout point de la longue préhistoire et histoire des hommes sauf un point de l’histoire ou de la prétendue histoire des années de notre ère qui vont de 1941 (ou 1942!?) à 1944 (ou1945!?). Pendant des milliers d’années, l’humanité a vécu des milliards d’événements!; sur ces événements, on peut en principe, dans nos démocraties, exprimer librement les opinions les plus diverses, et cela qu’on se trouve être un historien, un scientifique ou un simple citoyen. Et puis, soudain, le holà est mis sur l’histoire d’une poignée d’années!; c’est l’embargo, le veto, le tabou. Armé de son glaive, le juge se dresse. Fouquier-Tinville vient nous dire le droit, la science et l’histoire. Et, s’il vous plaît, pour l’éternité!! Prodigieux!! Pourquoi ce seul et unique point d’histoire tout à fait contemporaine!? L’Helvète n’a pas même le droit d’en douter (voyez le procès de G.A. Amaudruz!; ce dernier, bien qu’âgé de quatrevingts ans, s’est vu condamner, le 5 avril 2000, à douze mois de prison ferme). Ledit Helvète peut affirmer – non sans raison– que l’histoire de Guillaume Tell n’est qu’un mythe cher à un groupe de population donnée (la sienne en la circonstance!!) mais il ne peut mettre en doute un certain autre mythe cher à un groupe international qui lui fait les poches. Merveilleux!! A ce prodige, à cette merveille il existe une explication d’une simplicité biblique mais, saluons l’artiste, le juge – encore lui – nous fait défense de la dire.

"Comme j’ai eu l’occasion de l’écrire ailleurs, Voltaire, craignant la lettre de cachet, s’était installé à Ferney afin de pouvoir, d’un pas, trouver refuge en terre de Suisse. Les temps ont changé. Aujourd’hui, en Suisse, on vous laisse le choix entre la simple lettre de cachet et une parodie de procès public où l’on menace aussi bien votre avocat que vos témoins. Dans les deux cas, la prison vous attend pour le plus grave des crimes!: celui d’hérésie en matière d’histoire religieuse. Je dis bien «!religieuse!» puisque, comme l’a admis, jusque dans la presse suisse, l’historien antirévisionniste Jacques Baynac, ceux qui croient aux chambres à gaz nazies ne disposent franchement d’aucune preuve (Le Nouveau Quotidien de Lausanne dans ses livraisons du 2 et du 3 septembre 1996). Le téméraire n’a pas été poursuivi parce qu’il a eu la précaution de clamer, en dépit de tout, sa foi en l’existence de ces chambres. «!Credo quia absurdum!!!»"

Quanto às comédias posicionais nos tais rankings da liberdade da Europa que tanto lhe agradam, o melhor talvez fosse mesmo incluir também a África e a Ásia. Desse modo as amplas liberdades do bastião ainda ficariam melhor posicionadas...

filipeabrantes disse...

P.Botelho,

O ranking da Heritage envolve todos os países. O lugar da Suiça no ranking é o 8º. Dentro dos europeus, está em 4º.

M.Madeira,

Tem razão. Eu não disse no texto que a UDC era um partido liberal. Só disse que, na minha opinião, e tendo em conta todos os programas políticos dos outros partidos, a UDC era o partido mais favorável à manutenção da tradição liberal suiça.

Com certeza que encontrará muitas mais propostas da UDC que não serão liberais, mas fazendo uma análise comparativa ninguém me demove da minha ideia.

filipeabrantes disse...

P.Botelho,

A lei de 95 foi combatida pela UDC.

Pedro Botelho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pedro Botelho disse...

-- Quanto aos rankings da liberdade: queria eu dizer que as tais «liberdades» da Europa ainda ficariam melhor posicionadas por comparação com as tradições alheias, sobretudo de quem não as tem.

-- Quanto à posição da UDC relativamente às leis celeradas suiças: se é como diz, e uma vez que a UDC se vai tornar mais influente, isso deve querer dizer que a Suiça vai ser o primeiro país do mundo a libertar-se da censura judaica depois de a ter instalado. A ver vamos, mas por mim estou disposto a apostar um relógio de cuco kosher em como nada se vai alterar.

Pedro Botelho disse...

O meu pedido de desculpa pela alteração absurda de sinais de pontuação que sem reparar introduzi ao fazer copy & paste da citação parcial da carta do prof. Faurisson a partir do texto em pdf. Recomendo a sua leitura a partir do link que forneci.

CN disse...

"E a proposta da UDC para proibir a construção de minaretes? "

Na tradição Suiça e que pode ser um exemplo para todos, para mim, as construções com impacto (volumetria, etc) deviam ser objecto de possibilidade de veto pela comunidade (proprietária?) local (no nosso caso: JF).

filipeabrantes disse...

CN,

É isso. O problema para a UDC é que começa a haver "freguesias" (communes) com uma crescente percentagem de turcos ou albaneses. Daí a vontade regulamentadora a nível federal.

CN disse...

"O problema para a UDC é que começa a haver "freguesias" (communes) com uma crescente percentagem de turcos ou albaneses. "

A solução não deve vir do Estado Federal. Podem é dificultar o direito de voto local de comunidades imigrantes e facilitar assim a capacidade de veto de Suiços "naturais" contra projectos de impacto.

filipeabrantes disse...

«A solução não deve vir do Estado Federal.»

Certo. Foi o que eu disse ao M.Madeira.

filipeabrantes disse...

Curiosidade: como se determinaria um "suiço natural"? É que isso parece-me difícil e algo subjectivo.

Há suiços cuja avós se foram instalar na Suiça há mais de 50 ou 60 anos e estão perfeitamente integrados como perceberá e são vistos como suiços naturais. Qual seria então o critério?

filipeabrantes disse...

correcção:

"cujos avós"="cujos avós italianos"

Pedro Botelho disse...

A propósito dos minaretes «estranhos à Europa»: é extraordinário que tanta gente se preocupe com as alterações da arquitectura das cidades, que se pode facilmente demolir e reconstruir, e não se preocupe de todo com as alterações da população que nelas vive, com consequências étnicas e culturais que a médio prazo ultrapassarão em muito os actuais ligeiros incómodos da criminalidade e das burkas, e se tornarão dominantes em termos eleitorais irreversíveis...