28.9.07

Impostos, porque é que os portugueses não querem que eles baixem.

Como é óbvio seria impossível um fenómeno semelhante em Portugal. De facto, a máxima de apenas haver duas certezas na vida que são a morte e os impostos, atinge o seu ponto de nirvana no nosso país, onde todos urgem para que o Estado trabalhe e pense por eles. Temos um sistema onde como em lado nenhum se combate ferozmente a iniciativa privada quer com impostos, quer com barreiras administrativas, quer com uma desleal concorrência do Estado com recursos ilimitados.
Nenhum político em Portugal se atreveria a dizer que iria baixar drasticamente os impostos pois a primeira reacção seria a pergunta : então como é que vão pagar as despesas que o estado dá?
Consegue-se em Portugal juntar o pior de dois mundos, o socialismo e o capitalismo distorcido entregando a empresas privadas em regime de concessão áreas de negócio completas limitando a concorrência seja colocando entraves de participação ( por exemplo apenas permitindo 3 operadoras de telemóveis no país), seja entregando antigos serviços do Estado pagos ao longo de dezenas de anos pelos contribuintes e que com essas infraestruturas já feitas impossibilitam o nascimento de novas empresas na área.
Assim mata-se dois coelhos de uma só cajadada. Aliás, matam-se uma série de coelhos com uma só cajadada. Calam-se os proto-liberais que assim acreditam viver numa economia capitalista uma vez que toda a economia está entregue a privados, dá-se força aos socialistas que protestam contra qualquer coisa que saia das mãos do estado esquecendo-se que continua a ser o Estado a controlar tudo na mesma, entregam-se sectores da economia extremamente lucrativos aos amigos do costume de modo a criar uma roda viva entre cargos públicos e privados e por último mas mais importante, entrega-se um negócio livre de concorrência prontinho a cobrar preços de monopólio e a poder ser totalmente ineficiente sem qualquer medo de ser corrido para fora do mercado porque a lei assim o dita.
Será isto o capital-socialismo? O social-capitalismo? Prefiro chamar-lhe socialismo idiota ou social-socialismo.
De facto, atentemos apenas num exemplo vindo das telecomunicações para ilustrar o que se passa. Existem altas limitações à entrada de novos concorrentes no mercado devido ao Estado achar que 3 operadores chegam. Praticam-se assim preços de cartel ( uma pequena mesa de café consegue reunir todos os players do mercado) e o contribuinte paga muito achando que o Estado deve intervir nos preços dos SMS, do roaming, etc. Mas no mercado dos fabricantes de telémóveis, onde praticamente não há regulação, os telemóveis são praticamente oferecidos e ninguém se atreve a dizer que o Estado deve intervir nesse aspecto. O mesmo se passa com as impressoras, as televisões de plasma e os computadores, onde a pouca regulação promove a concorrência com ganhos mais que visíveis para o consumidor, em contraste com a saúde, a habitação e a energia onde o excesso de intervenção estatal apenas leva os consumidores irónicamente a pedir mais intervenção estatal para parar abusos.
Os políticos sabem disto perfeitamente e jogam estes trunfos com mestria, regulando porque a liberdade parece não funcionar e regulando ainda mais quando a regulação parece ter feito pior.

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