29.10.07

Sem Dogmas

A teoria das alianças é tão válida como válido é apontar os problemas inerentes a elas: a de potencialmente transformarem pequenos incidentes em conflitos de larga escala, que foi o que exactamente aconteceu na Grande Guerra, de onde saiu o comunismo e o fascismo. Em política externa, o único dogma é a manutenção do "nosso" próprio Estado-Nação nas melhores condições de liberdade e estabilidade possíveis.

A NATO perdeu parte da sua razão de ser como bloco contra uma ideologia incompatível com qualquer noção de direito natural (a base da civilização ocidental...não a democracia) e pretende agora assumir novos papeis...e estar presente em novos territórios que não são da sua influência natural, e quando isso acontece a probabilidade de pequenos acontecimentos acelerarem a história por caminhos imprevisíveis aumenta em muito.

Ron Paul, numa posição tradicional que sempre existiu no seu país (e cujo afastamento se deveu a progressistas democratas...Wilson e Roosevelt, este último irremediávelmente comprometido com Estaline e por causa da ONU... o primeiro nos seus excessos ideológicos-morais), prefere confiar no julgamento independente caso a caso, assente em mecanismos internos de decisão, do que ser arrastado exógenamente para "inevitáveis" tornados cada vez mais prováveis à medida que a NATO se expande (se reparem a NATO é mais um caso de um "poder" criado com um fim, mas que arranja sempre formas de não só não desaparecer quando o fim desaparece, como arranja motivos para crescer... é o padrão habitual em qualquer "programa").

A componente securitária e militar sempre foi a porta de entrada para a centralização do poder e mesmo o totalitarismo. E o pensamento liberal clássico sempre reivindicou ter uma sensibilidade genuina e especial contra esse perigo.

Concorde-se ou não com a tese de neutralidade armada, ela é válida e inteiramente consistente com o liberalismo. Este, se desapareceu, não terá sido por guerras a menos, mas sim por guerras a mais.

Portanto, sem dogmas, vamos pelo menos deixar como válidas para a discussão, os argumentos não-intervencionistas em política externa.

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